terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Aos 14 anos estudante brasileiro é ouro em olimpíada de Ciências, no Irã

 Fonte

FÁBIO TAKAHASHI
DE SÃO PAULO



Com quase dois anos a menos que os 180 concorrentes de 28 países, Matheus Camacho, 14, foi à capital do Irã no início do mês passado para participar da Olimpíada Internacional de Ciências.

 Após dez dias de provas, voltou com a medalha de ouro por equipes na principal prova da competição, a prática. Matheus foi o brasileiro mais novo que já participou da competição, que começou em 2004 e reúne principalmente estudantes com 15 anos. Muitos já têm quase 16. "O resultado dele foi impressionante. Não tenho notícia de que haja outro medalhista tão novo", disse Márcio Martino, organizador da competição no Brasil. "Gosto muito de estudar. E me esfor E me esforcei. Acho que foi isso", afirmou Matheus, aluno bolsista do colégio Objetivo, na capital paulista.

O esforço significa que, de manhã, ele assiste às aulas regulares. À tarde, são mais quatro ou cinco horas, específicas para preparação de olimpíadas. E, em casa, mais uma ou duas horas. "Não posso dizer que ele fica cansado. É o prazer dele", afirmou a mãe, Simone Camacho, 45, formada em direito e funcionária do Judiciário. O pai é coronel do Exército.
 As outras diversões são cinema ("filmes de qualquer tipo"), videogame e música. Ouvindo os Beatles, aprendeu e ficou fluente em inglês. A precocidade do estudante teve de ser compensada com a carga de estudos. Ele é do ensino fundamental. As provas são do nível do médio. Até março, o jovem nunca tinha visto uma aula de física, e a primeira de química foi em abril. Em maio, ele já estava na primeira eliminatória nacional, que contou com cerca de 2.500 alunos e cobrou as duas disciplinas. Ao final, Matheus e outros cinco foram escolhidos para representar o país na competição mundial, em Teerã

  • . A PROVA A Olimpíada Internacional
 possui três etapas. Uma, de testes. Outra, de questões dissertativas. A terceira, com maior peso e mais importância, é a experimental. Na edição 2012, o tema foi DNA. Em uma das frentes, eles tiveram de, a partir de sequências identificadas, descobrir quais eram as outras, comparando as informações entre os dois grupos. Um dos trios brasileiros (que contava com Matheus e dois alunos de Fortaleza, do colégio Farias Brito) alcançou os 40 pontos possíveis. A medalha de ouro foi inédita para o país. Na colocação geral, o país ficou em quinto, sua melhor posição. Taiwan foi o vencedor.

  • DESÍSTIMULO Por pouco, o talento de Matheus não se perdeu pelo sistema de ensino. Ele estudava em um colégio particular que tinha boas aulas regulares, mas poucas atividades extras. "Ele estava desestimulado, nem queria ir para a escola", afirmou a mãe. Ao final de 2011, Matheus e a família tiveram a certeza de que o problema era a falta de desafios. Na nova escola, a chance de participar da Olimpíada impulsionou-o. Agora, em plenas férias, Matheus segue em ritmo de estudos. Quer, no final do ano, ganhar uma medalha de ouro individual --no ano passado, foi prata. Para isso, terá de participar em maio novamente da primeira eliminatória nacional. Quem quiser se inscrever deve acessar o site www.ijso.com.br, a partir do fim do mês.

Nenhum comentário:

Postar um comentário