quarta-feira, 6 de julho de 2011

Livres para voar


Moradores libertam pássaros que viviam presos em gaiolas em MG
Em Fortuna de Minas, pássaros dos mais variados tipos como joão-de-barro, pica-pau e beija-flor se misturam e passam a viver livres das gaiolas.
Rosane MarchettiFortuna de Minas
Quanto carinho, quanto afeto e dedicação com os animais. Mas, nesse mundo de afeições mútuas, nem tudo é perfeito. Os animais que, muitas vezes, preenchem o vazio afetivo de seus donos são vítimas de maus-tratos, do tráfico, do abandono e condenados a trabalhar até não aguentar mais. Mas, espalhado pelo Brasil, há um exército de homens e mulheres que erguem a voz e vão à luta contra a indiferença, e é isso que faz a diferença.

Fortuna de Minas, a 100 quilômetros de Belo Horizonte, é uma cidade linda, bem pequena. Tem menos de três mil habitantes. Todo o mundo se conhece e sabe das alegrias, tristezas e até das inquietações do outro.

Um dia, um de seus moradores olhou para o céu, para as árvores, e percebeu que estavam vazios. Ficou em silêncio, mas não ouviu o canto dos pássaros que gostava de escutar desde pequeno. Os trinca-ferros, papa-capina e canários da terra não voavam mais por Fortuna de Minas. Eles haviam sido caçados ou aprisionados em gaiolas. O gerente de agência Washington Moreira Filho não se conformou. Queria, de novo, ouvir o canto dos pássaros e começou a abrir as gaiolas. “O meu sonho inicial era ver essa praça cheia de canários e Fortuna cheia de canários”, relata.

Há quatro anos, Washington Moreira Filho resolveu que já era hora de realizar seu sonho. Começou, então, uma campanha para convencer os moradores de Fortuna de Minas a abrir as gaiolas. “Não foi tão difícil assim convencer o pessoal na época, porque parece que todos já tinham essa ideia, mas é aquela coisa, você ter um pássaro preso em casa e você gostaria muito de vê-lo livre. Deu-se a entender que todos tinham a mesma ideia, porque foi um casamento perfeito”, explica o gerente.

A polícia passou a fiscalizar, e até as crianças entraram na campanha. “Um dia, achei um filhote de passarinho machucado. Aí, botei ele na árvore para a mãe pegar ele”, conta a estudante Maria Eduarda.

A cada mês, a cada semana, um morador se juntava a Washington e abria as gaiolas, como o carpinteiro José de Morais, conhecido como Seu Zé, de 85 anos, que chegou a ter 18 passarinhos presos.

“Ninguém quer ficar preso. O canto é bonito. Estou orgulhoso de ter uma vida desse jeito, e eles também,. Os passarinhos também querem viver tranquilos”, relata.

Só não foram liberados os pássaros que já nasceram em cativeiro. E basta uma caminhada por Fortuna de Minas para perceber que, depois de quatro anos, a campanha de Washington deu frutos, ou melhor, penas.

2 comentários:

  1. ai que bacana, legal que foi fácil de convencer as pessoas... A minha dúvida é se eles conseguem sobreviver soltos por aí, se alimentar e tal...Conseguem sobreviver professora?

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  2. Sim linda Vivi!
    Mas com uma preparação especial. É aos poucos, dependendo do tempo de 'cativeiro'(gaiola).Uns já sabem e voam na hora atrás de árvores, onde tem o alimento.
    Para outros, a comidinha (frutinhas, etc) são colocadas nas árvores mais próxima, aumentando a distância, até que eles reconheçam ou formem o bando. Neste momento um auxilia o outro e tudo bem. mas permanecem na cidade, indo, inclusive nas casas onde estavam presos.Só se nascem na gaiola, o processo é mais complicado, mas também pode ser feito.
    EU DETESTO BICHO PRESO, SÓ EM CASOS ESPECIAIS.

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