segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Como uma carta e a internet podem salvar os índios

A presidenta Dilma Rousseff emitiu uma ordem para a FUNAI -- órgão do governo responsável por políticas indigenistas, dando-lhes 30 dias para começar o processo de declaração da terra como área protegida para o povo indígena Guarani. Na mídia brasileira, o promotor de justiça envolvido no caso deixou claro o quão importante foi o papel da Internet nesta vitória, afirmando que: "a mobilização nas redes sociais foi imprescindível para alcançarmos esse resultado. Ela gerou uma reação raramente vista pelo governo quando se trata de direitos indígenas."

 2 de novembro:

 A desembargadora federal Cecília Mello ordenou a suspensão do despejo da tribo Guarani-Kaiowá da fazenda onde se instalou até que o seu território tradicional fosse demarcado. Para esta decisão terá contribuído de forma decisiva a mobilização nas redes sociais que permitiu a recolha de milhares de assinaturas numa petição online a favor dos indígenas.

 Um apelo de partir o coração
 As vozes da comunidade Guarani Kaiowá chegaram até as altas esferas do poder no Brasil.


 Leia abaixo um pedaço da carta da comunidade Guarani Kaiowá para o mundo, citada na petição: Recebemos esta informação de que nós comunidades, logo seremos atacada, violentada e expulsa da margem do rio pela própria Justiça Federal de Navirai-MS. Assim, fica evidente para nós, que a própria ação da Justiça Federal gera e aumenta as violências contra as nossas vidas, ignorando os nossos direitos de sobreviver na margem de um rio e próximo de nosso território tradicional Pyelito Kue/Mbarakay. De fato, sabemos muito bem que no centro desse nosso território antigo estão enterrados vários os nossos avôs e avós, bisavôs e bisavós, ali estão o cemitérios de todos nossos antepassados. Cientes desse fato histórico, nós já vamos e queremos ser morto e enterrado junto aos nossos antepassados aqui mesmo onde estamos hoje, por isso, pedimos ao Governo e Justiça Federal para não decretar a ordem de despejo/expulsão, mas solicitamos para decretar a nossa morte coletiva e para enterrar nós todos aqui. Pedimos, de uma vez por todas, para decretar a nossa dizimação/extinção total, além de enviar vários tratores para cavar um grande buraco para jogar e enterrar os nossos corpos. Esse é nosso pedido aos juízes federais. Já aguardamos esta decisão da Justiça Federal, Assim, é para decretar a nossa morte coletiva Guarani e Kaiowá de Pyelito Kue/Mbarakay e para enterrar-nos todos aqui. Visto que decidimos integralmente a não sairmos daqui com vida e nem morto e sabemos que não temos mais chance em sobreviver dignamente aqui em nosso território antigo, já sofremos muito e estamos todos massacrados e morrendo de modo acelerado. Sabemos que seremos expulsas daqui da margem do rio pela justiça, porém não vamos sair da margem do rio. Como um povo nativo/indígena histórico, decidimos meramente em ser morto coletivamente aqui. Não temos outra opção, esta é a nossa última decisão unânime diante do despacho da Justiça Federal de Navirai-MS.

 Esse não é um caso isolado. Em todo o Brasil e outros países da região, povos indígenas vivem diariamente com o medo de serem despejados e sob ameaça de violência. Os Guarani Kaiowá foram forçados a tomar medidas extremas, mas o desespero deles é parte de uma tragédia ainda maior que diz respeito à destruição das comunidades indígenas, algo que já acontece há gerações.

Frequentemente estas comunidades não têm força diante dos governos ou dos interesses corporativos, mas essa vitória mostra que mesmo nos lugares mais remotos há esperança – e que a Internet pode ajudar a salvar vidas ao conectar pessoas e mobilizá-las para exigir mudança. Se você estiver se sentindo inspirado, compartilhe essa incrível história com todas as pessoas que você conhece.

Como disse a amiga Jeana, pequenos movimentos levam a grandes fatos, como sempre aconteceu historicamente.” Se muitos cientistas não tivessem morrido, hoje ninguém teria internet, etc”.

Avaaz.org

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