Há muita
expectativa para o possível novo acordo climático global que deverá ser firmado pelos quase 200
países membros das Nações Unidas, que se encontrarão em Paris, no final deste
ano, durante a Conferência da ONU para as
Mudanças Climáticas. Entretanto, todos sabem que as negociações
serão difíceis, o consenso é quase impossível e talvez um acordo forte, como se
espera, não aconteça.
Todavia,
o acordo se faz necessário. “O problema das mudanças climáticas atingiu uma
dimensão tão grande que me parece que vale a pena insistir no âmbito da ONU. Em
condições ideais, é o melhor foro, é melhor ter 200 países do que só um grupo
fechado”, afirma Eduardo Felipe Matias,
advogado e autor do livro “A
Humanidade contra as Cordas“, lançado em 2014, em entrevista à
revista Página 22, publicada pelo Centro de Sustentabilidade da FGV de São
Paulo.
Apesar de
defender as negociações oficiais da França, Matias ressalta que somente elas
não serão suficientes para mudar o modelo econômico vigente, que não prioriza a
sustentabilidade. Ele argumenta que seria preciso implementar um “círculo virtuoso da
sustentabilidade”, conceito este que aparece em sua mais recente
obra, citada acima.
O círculo
seria composto por um conjunto de atores, que em paralelo à governança
global, adotariam práticas mais sustentáveis e igualitárias –
tanto nos setores sociais, como econômicos e ambientais. “Deveríamos buscar a
multiplicação das iniciativas e incentivos para a promoção da sustentabilidade,
acionando todos os instrumentos possíveis – precificação do carbono, certificações
socioambientais, investimentos em inovação –, em todas as
instâncias da governança planetária. Tudo ao mesmo tempo, e agora, devido à
urgência do quadro atual”, destaca o advogado.
Na entrevista, ele explica como o círculo virtuoso seria uma
espécie de grande pacto – descentralizado por meio de redes, coalizões e
iniciativas individuais e coletivas. “Uma articulação entre as dez principais
redes de supermercados do mundo, para só comprar um determinado produto, para
que tenha sua cadeia de valor sustentável, hoje tem mais força que um país de
médio porte ou de porte até maior”, exemplifica. “Se as ações para a mudança
não vêm de cima para baixo, têm que vir de baixo para cima. De baixo para cima
talvez não seja a imagem mais adequada: na verdade, vêm de todos os lados”.
Para ler
a conversa completa com Eduardo Felipe Matias, acesse o . Na entrevista, ele comenta ainda sobre o papel
do Direito Internacional, livre-comércio e a criação de grupos menores de
países, que ele chama de “clubes”. ou